
As melhores dicas para não ser apenas um visitante comum no Vaticano
Por Marcello Oliveira
Na semana passada eu estava ajudando um casal de amigos a montar um roteiro de quase um mês na Europa. Eles queriam o trivial do continente, priorizando as capitais e, ao esquematizar com eles os dias em Roma, eu disse: “para o Vaticano reserve pelo menos dois dias”. É óbvio que se você não tem interesse em conhecer nada além da praça de São Pedro, em apenas uma tarde você consegue resolver isso, mas se quer viver os detalhes deste micro país, incluindo até mesmo uma audiência com o Papa (vou explicar como neste texto), dois dias são necessários. Na coluna desta semana, confira, então, as melhores dicas para não ser apenas um visitante comum no Vaticano.
Com apenas 44 hectares, a Cidade do Vaticano é oficialmente o menor estado soberano do mundo. Mas não deixe isso te enganar. Pode ter apenas uma população de mil pessoas dentro de seus muros, mas milhares de visitantes passam por seus portões todos os dias – o que já é uma boa pista de que há muito o que fazer e ver lá dentro! Abrigando algumas das obras de arte mais monumentais do mundo, bem como alguns dos edifícios mais famosos, não é de se admirar que uma viagem ao Vaticano seja uma visita única na vida.
Claro, existem algumas atrações imperdíveis, como a Basílica de São Pedro, a Capela Sistina e os Museus do Vaticano, mas se você estiver com um pouco mais de tempo livre ou quiser fazer algo fora dos roteiros mais conhecidos, há muitas atrações únicas e locais menos conhecidos também, como os Jardins do Vaticano ou as escavações arqueológicas subterrâneas.
Antes de tudo, vale dizer que no território do Vaticano há bons restaurantes e com preços competitivos comparados aos de Roma. Há também lojas, muitas lojas, especialmente de souvenirs que vendem itens religiosos. Curiosamente, há ainda uma unidade da famosa rede Hard Rock dentro do Vaticano, localizada ao lado da embaixada do Brasil. Seria um Hard Rock Vatican City?
Então, de locais populares a tesouros escondidos, aqui está sua lista definitiva das melhores coisas para fazer no Vaticano.
Basílica de São Pedro – e as Grutas do Vaticano
Nenhuma visita ao Vaticano estaria completa sem ver a Basílica de São Pedro. Uma das maiores igrejas já construídas no mundo, o edifício que vemos hoje é, na verdade, a segunda Basílica de São Pedro. Originalmente construída no século IV pelo imperador Constantino, a Basílica marcou o local onde São Pedro deveria ter sido enterrado. No entanto, por volta de 1400, a igreja estava em estado de abandono e foi derrubada para ser reconstruída sob as ordens do Papa Júlio II.
Hoje, a entrada no local é gratuita, mas certifique-se de chegar cedo, pois pode haver longas filas, especialmente durante os meses de verão (junho a setembro). Embora haja uma taxa para subir à Cúpula de São Pedro, vale a pena!
Durante o seu tempo na Basílica de São Pedro, você também vai querer conferir as Grutas do Vaticano, localizadas logo abaixo. Essa visita também é gratuita, mas não perca a entrada que está escondida junto ao altar principal. Lá você encontrará os túmulos e sarcófagos de vários papas, inclusive o de João Paulo II, que morreu em 2005.
Colunata de Bernini na Praça de São Pedro
É uma das imagens mais emblemáticas da Cidade do Vaticano e imperdível para os visitantes. A Praça de São Pedro está localizada bem em frente à sua Basílica de mesmo nome. Construída a partir de um projeto de Bernini entre 1656 e 1667, a praça se tornou uma das mais famosas do gênero. Vista de cima, assemelha-se a um buraco de fechadura gigante com duas grandes colunatas que Bernini pretendia assemelharem-se aos “braços maternos da igreja”.
Um ponto de encontro popular para turistas e visitantes dos Museus do Vaticano, deste local você pode ver os aposentos papais e é o local onde o discurso papal é realizado todas as quartas-feiras.
A visita à praça é gratuita e ela fica aberta 24 horas por dia, a menos que precise ser fechada para uma cerimônia especial.
Capela Sistina
A Capela Sistina não é apenas uma das capelas mais famosas do mundo, mas sim uma das construções mais famosas da história da humanidade. Formando uma pequena parte do Palácio Apostólico – residência oficial do Papa – a Capela Sistina recebeu o nome do Papa Sisto IV, que encomendou a construção durante o século XV. Hoje, a capela é tanto uma atração quanto o local do conclave papal para a eleição de um novo Papa.
Uma das principais razões para visitar a Capela é ver as impressionantes obras de arte que adornam o teto, que foi concluído por Michelangelo de 1508 a 1512. Embora o uso de qualquer dispositivo eletrônico seja proibido durante todo o tempo – e não apenas durante o conclave – há quem ouse tirar fotos dos painéis e já ouvi históricas inclusive de turista que conseguiram ali uma selfie com o Papa.
Castel Sant’Angelo
Embora possa não estar oficialmente dentro da Cidade do Vaticano, o Castel Sant’Angelo está conectado ao Vaticano por uma passagem histórica, o Passetto di Borgo. Com 800 metros de comprimento, reza a lenda que o local serviu de refúgio – não uma, mas duas vezes – quando o Papa da ocasião encontrou sua vida em perigo.
Originalmente, o edifício foi encomendado pelo imperador Adriano como um mausoléu para sua família durante a Idade Média. Mas sua posição favorável junto ao rio logo resultou em uma mudança de função. Assim, tornou-se uma fortaleza defensiva quando a cidade foi ameaçada e, graças à sua estrutura inatacável, dizem que os papas também a usaram para guardar seus tesouros em tempos de ataque.
Envie um cartão postal da Cidade do Vaticano
Antes do Instagram, os viajantes postavam outra coisa como lembrança de suas viagens. Isso mesmo, postais. Virou uma tradição no Vaticano. Se você é um colecionador de cartões-postais ou simplesmente quer algo único para fazer enquanto estiver por lá, enviar um postal do Vaticano é uma atividade divertida e econômica que qualquer pessoa pode fazer.
É também uma oportunidade única de enviar cartas deste estado independente. Envie um para familiares, amigos ou até mesmo para você mesmo no Correio do Vaticano, localizado à direita na saída da Basílica de São Pedro.
Reserve – bastante – tempo para os Museus do Vaticano
Uma das principais atrações do Vaticano é, sem dúvida, os Museus do Vaticano, que contém um total fascinante de cinquenta e quatro coleções separadas. Abrangendo 14 quilômetros de obras-primas, os Museus apresentam obras de Rafael, Leonardo da Vinci e Michelangelo, desde pinturas e esculturas a mosaicos. Ao todo, estima-se que a coleção valha mais de € 15 bilhões. Portanto, é certamente um lugar que vale a pena dedicar um tempo para explorar.
Galeria dos Mapas
A Galeria das Estátuas, o Museu Histórico do Vaticano e, claro, as Salas de Rafael são alguns dos museus mais populares do complexo. Mas se você tiver tempo, todos os museus valem seu peso em ouro – literalmente em muitos casos.
Jardins do Vaticano
Poucos países podem se gabar de que jardins ocupam metade de suas terras, mas o Vaticano certamente pode. Composto por três estilos de jardins, italiano, inglês e francês, os jardins do Vaticano são um oásis no meio da movimentada Cidade do Vaticano. Eles remontam aos tempos medievais, enquanto o Papa Nicolau III foi o primeiro a cercar os jardins com muros e incluiu até um pomar.
Ao longo dos anos, os jardins foram ampliados e acrescentadas dedicatórias, esculturas e fontes dedicadas a vários santos da cristandade. E apesar do Vaticano receber milhões de visitantes por ano, apenas uma pequena fração deles entra em seus jardins. Isso se deve, principalmente, ao fato de que a entrada é restrita àqueles que reservaram uma visita guiada liderada por funcionários oficiais do Vaticano. Mas isso é mais um motivo para ir! Menos lotados do que outras áreas do Vaticano, os jardins proporcionam uma experiência maravilhosa para todos. E ainda há chance de encontrar o Papa por lá, pois é um dos passeios que tradicionalmente os papas fazem para tomar sol ou pegar um ar fresco.
E se você estiver procurando por jardins papais mais históricos, pense seriamente em uma visita de um dia a Castel Gandolfo – a residência de verão do Papa. Mas isso já é pauta para outra coluna.
Assistir a uma audiência com o Papa
Toda quarta-feira, se o Papa estiver em Roma, os visitantes têm a oportunidade de assistir ao discurso dele e receber uma bênção papal que é realizada na Praça de São Pedro.

O colunista durante audiência de quarta-feira com o Papa Francisco
O Papa geralmente começa com algumas mensagens ditas em vários idiomas, incluindo latim, inglês, português, polonês, alemão e espanhol (além do italiano, claro), entre outros. Ele também abençoará objetos significativos e estenderá bênçãos a parentes, especialmente se estiverem doentes ou falecidos. Todos são bem-vindos, não há necessidade de ingressos e nem de reservas, basta chegar.
Explore a Necrópole da Via Triumphalis
Derivada das palavras gregas necròs (morto) e pòlis (cidade), Necrópole significa uma “cidade dos mortos”. Como a lei romana antiga proibia que corpos fossem enterrados dentro da cidade, esses cemitérios antigos funcionavam como um local sancionado para os mortos dentro da sociedade, muitos dos quais foram encontrados em locais significativos em toda a Itália.
A Necrópole da Via Triumphalis forma um antigo cemitério subterrâneo localizado sob os Jardins do Vaticano. Após extensas escavações e reformas, o local foi transformado em museu com aparato educacional multimídia para fornecer informações sobre sua história e vida passada. Você também poderá ver as câmaras funerárias, mosaicos e afrescos preservados do mundo antigo.
A Necrópole só é acessível quando você reserva um passeio que pode ser adquirido no site oficial do Vaticano.
Missa do Galo
A missa do Galo é um evento tradicional para as famílias católicas na noite de Natal. Transmitida em várias línguas por emissoras de tv e rádio do mundo todo, a missa também pode ser assistida pessoalmente. Há duas maneiras: ao ar livre na Praça de São Pedro (se prepare para o frio do inverno europeu) ou dentro da basílica, onde a celebração ocorre. Apesar de gratuito, o ingresso para assistir à missa de dentro da basílica deve ser requisitado no site oficial do Vaticano sempre a partir do mês de setembro. Além disso, é necessário escrever uma carta em italiano ou espanhol para o Vaticano justificando o motivo de sua visita e solicitando formalmente os convites para a Missa do Galo com os nomes completos das pessoas que irão, além de telefone e endereço. Envie pelo correio para: Prefeitura da Casa Pontifícia – 00120 Cidade do Vaticano.
A retirada dos convites ocorre no dia anterior à missa (23 de dezembro), no Portão de Bronze, na Praça de São Pedro, entre 15h e 19h ou no dia da missa (24 de dezembro), entre 08h e 10h30. É necessário levar o formulário com uma cópia da carta escrita e os documentos pessoais dos visitantes.