Por Raphael Ursino
O Japão sempre esteve na lista de destinos que eu sonhava em conhecer. E como não poderia ser diferente, o país é surpreendente, em todos os sentidos, o que me proporcionou incríveis experiências pela Terra do Sol Nascente. Ao planejar a viagem, uma das primeiras cidades que vieram à minha cabeça foi Hiroshima: símbolo da paz mundial. Talvez pela curiosidade de conhecer mais sobre o ocorrido no dia 6 de agosto de 1945. Afinal, quem nunca ouviu falar da bomba de Hiroshima, que devastou a cidade durante a Segunda Guerra Mundial?
Apesar do seu passado triste, a cidade é bastante alegre e as pessoas muito acolhedoras. Aliás, o Japão é, de fato, um país surpreendente e me proporcionou incríveis experiências. Depois eu vou contar também como foi a minha passagem por Tokyo, Kyoto, Yokohama e Hakone.
Mas voltando ao assunto de hoje, Hiroshima fica a cerca de 680 km da capital, Tokyo. Para chegar até lá, peguei o famoso Shinkansen (trem bala) em Kyoto, localizada a 360 km de lá. A viagem foi tão rápida que durou apenas uma hora e 40 minutos. A propósito, a melhor forma de percorrer o Japão é de trem bala. Rápido, seguro e muito confortável.
Rio Ota
Não tem como falar de Hiroshima sem lembrar do dia 6 de agosto de 1945, às 8h15 da manhã, quando a cidade entrou para a história por ter sido atacada pela bomba atômica, que recebeu o nome de Little Boy.
Réplica da Little Boy, a primeira bomba atômica da história, e que foi lançada em Hiroshima no dia 6 de agosto de 1945
Hoje, 76 anos depois, Hiroshima faz questão de preservar a memória daquele fatídico dia, com a intenção de homenagear os mortos e reforçar a mensagem de que esse erro nunca mais seja repetido.
As principais atrações de Hiroshima: símbolo da paz mundial remetem a esse passado, mas isso não significa que o lugar é triste, muito pelo contrário. Ao caminhar pela cidade, podemos observar a alegria das pessoas e a beleza dos monumentos e parques que Hiroshima criou para dar o seu recado antiguerra ao mundo. Vejamos alguns deles:
Um lugar super agradável, às margens do rio Ota, com muito verde e bem silencioso. Assim que eu descrevo o complexo do Memorial da Paz de Hiroshima. O parque foi construído na área onde a bomba caiu, que antigamente era uma região comercial bem no centro da cidade.
O complexo do Memorial da Paz de Hiroshima foi construído na área onde a bomba caiu, que antigamente era uma região comercial bem no centro da cidade.
Inclusive, é onde fica a famosa Cúpula Genbaku, ou Cúpula da Bomba Atômica, um dos poucos prédios a se manter de pé após a explosão da bomba. Suas ruínas estão preservadas e acabaram virando um símbolo da cidade. Em 1996, a edificação se tornou Patrimônio Mundial da UNESCO.
O Genbaku foi um dos poucos prédios a se manter de pé após a explosão da bomba
O parque ainda reserva atrações como:
Foi criado para homenagear todas as crianças que perderam a vida durante o ataque ou que morreram por complicações da radiação pós bomba. O monumento possui a imagem de algumas crianças e faz referência a uma menina que acreditava que iria se curar dos efeitos daquela tragédia se ela fizesse mil tsurus de papel. De acordo com a cultura japonesa, o tsuru é a ave sagrada do Japão, e simboliza poder de cura, vida longa, fidelidade e paz.
O Monumento da Paz das Crianças foi construído para homenagear todas as crianças mortas no ataque ou com a radiação.
Andando pelo parque, avistei o Sino da Paz, um monumento interativo, onde qualquer visitante pode tocá-lo. Este ato de soar o sino é bastante simbólico.
A Chama da Paz carrega uma mensagem muito emblemática de protesto contra as guerras. A ideia é que ela se apague somente quando as armas nucleares de todo o planeta forem extintas.
Junto à Chama da Paz, fica o Cenotáfio, que é um memorial fúnebre com o nome das vítimas. Nele está escrito “Que todas as almas daqui descansem em paz, e que nós nunca repitamos o erro”.
A atração principal de Hiroshima é, com certeza, o Museu Memorial da Paz de Hiroshima. E sabe de uma coisa que me surpreendeu? O áudioguia era em português. Isso mesmo, ou seja, foi possível fazer uma incrível imersão na história da cidade e entender como era a vida em Hiroshima, antes, durante e após a bomba.
Ao fundo, o Museu Memorial da Paz
Por lá, os visitantes acabam sendo envolvidos em uma verdadeira aula a respeito da tragédia, com explicações detalhadas sobre os motivos que levaram os Estados Unidos a lançarem a bomba em Hiroshima, fotos, objetos, roupas, painéis interativos, bonecos que retratam os efeitos da explosão nas pessoas, maquetes da cidade antes e depois, réplicas da bomba e muito mais. Tudo bem organizado de forma lúdica e bastante respeitosa, sem ser apelativo.
Esta foto dispensa legenda
Não bastasse todo o aparato riquíssimo do museu, enquanto andava pelas dependências do prédio, pude ir ouvindo no áudioguia (em português) relatos das pessoas que presenciaram aquele momento, histórias de famílias que perderam seus entes e demais depoimentos. É impressionante.
A maquete mostra como era a cidade de Hiroshima antes da bomba atômica
A maquete mostra a destruição de Hiroshima após a bomba atômica
Em toda a minha vida, conheci poucos museus tão completos e bem planejados como o de Hiroshima. Considero a visita necessária e obrigatória para qualquer pessoa que estiver na cidade, pois o museu atende muito bem o propósito de informar, esclarecer, protestar e conscientizar sobre os efeitos físicos, mentais e psicológicos de uma guerra. Não me canso de dizer, é imperdível!
Extasiado, satisfeito e muito pensativo. Foi assim que eu terminei esta incrível experiência por Hiroshima: símbolo da paz mundial, um lugar capaz de ensinar ao mundo, de forma leve e muito competente, o significado da palavra paz.
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