
60 horas em Beagá comendo o melhor da comida local
Por Nenel Neto
Vira e mexe recebo mensagens no modo privado do meu Instagram de pessoas pedindo dicas de lugares para comer bem durante um fim de semana em Belo Horizonte.
Por isso, decidi compartilhar com você o roteiro ideal para passar três dias na capital mineira, que, em 2019, recebeu o título de Cidade Criativa da Gastronomia pela UNESCO.
Já separa aquela roupa leve e o calçado confortável e divirta-se em uma das cidades mais deliciosas do Brasil.
Os endereços de todos os locais estão no final da coluna.
Sexta-feira
8 horas: Pra iniciar bem o primeiro dia, a sugestão é um café da manhã reforçado no Mercado Central.
O Comercial Sabiá é uma pérola do local e serve delicioso pão de queijo recheado com pernil e queijo minas. O lugar não tem mesas nem cadeiras, por isso, come-se e toma-se café no balcão, sem afetações.
A broa de fubá com queijo é simplesmente magistral, assim como o bolo de mexerica da casa.
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13 horas: Depois de comprar queijos, doces e peças do artesanato mineiro, o almoço pode ser ali perto do mercado, ainda no Centro da cidade, no octogenário Café Palhares.
A casa vende um prato único, o kaol, um símbolo de Belo Horizonte.
Ele é servido com arroz, farofa de feijão, couve, ovo frito, torresminho, linguiça e, pra finalizar, um molhinho ralo de tomate para não deixar o prato seco.
Kaol significa cachaça, arroz, ovo e linguiça, e o nome foi dado pelo advogado, jornalista, escritor e boêmio Rômulo Paes, quando, ainda na década de 1950, o prato deixou de ser servido apenas aos funcionários e passou a alegrar também os clientes.
Naquela época, os boêmios não abriam mão de uma dose de cachaça para abrir o apetite. Paes colocou o K na inicial de cachaça, pois ele dizia que dava mais pompa ao prato.
20 horas: Se desloque até a região do Barreiro para conhecer um dos melhores botecos do Brasil: o Bar do Zezé.
Lá, experimente delícias como o bolinho de carne, frito na hora, e a porção de bolinho de milho com bacalhau, acompanhada por geleia de morango com pimenta, que ganhou o nome de “minas lusitana”.
Outra excelente pedida é a porção de carne de panela com jiló recheado com bacon, angu com queijo, cebola e cebolinha. Um absurdo, de tão bom! O jiló recheado também é servido à parte, em unidades.
Ir ao Zezé é programa obrigatório pra quem gosta de comer bem.
Sábado
12 horas: Depois de um passeio pelo Complexo da Pampulha, boa pedida é fazer uma visita ao Bar da Tia Rute, que fica na região.
O boteco é simples, com cadeiras de plástico, a cerveja é gelada e a comida é ótima.
Tem maçã de peito cozida com batatas, torresmo de barriga, pastelzinho frito na hora, costelinha de porco e um ótimo bolinho de carne, batizado na casa de disco voador.
20 horas: Depois de um descanso, após a boemia diurna, vale a pena conhecer o maravilhoso Bar do Careca, no bairro Cachoeirinha, na região Nordeste da cidade.
Vir a Beagá e não comer feijão tropeiro é um erro. Portanto, peça ao Careca uma porção completa, com direito a suculentos bifes de lombo como acompanhamento. Mas, antes, se delicie nas porções de língua ao molho, carne cozida e frita, dobradinha com feijão branco e pé de porco.
O astro da TV Anthony Bourdain esteve no local em 2016 e disse o seguinte para Orcínio Gonçalves Ferreira, o Careca: “A sua comida poderia ser servida em qualquer lugar do mundo”.
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Domingo
9 horas: Pra iniciar o último dia de viagem com o pé direito, indico a Feira de Hippie, que acontece há mais de 50 anos e movimenta o Centro da cidade aos domingos.
Há expositores de vários produtos e barraquinhas de comida que servem acarajé (o prato símbolo da feira), peixe frito, quitandas e porções caprichadas de carne na chapa.
A minha dica é o delicioso cachorro-quente do senhor Valdir, com tudo o que se tem direito: bacon, vinagrete, batata palha, queijo parmesão ralado, milho e até passas.
12 horas: Pertinho da Feira Hippie está o histórico Edifício Arcângelo Maletta, onde se encontra a sexagenária Cantina do Lucas.
Da cozinha saem ícones da gastronomia belo-horizontina, como o surubim gratinado a comodoro – em que o peixe é cozido e acompanhado de molho rosado, aspargos, couve-flor, purê de batatas e arroz –, o mítico talharim à parisiense e o sempre ótimo filé à parmegiana com purê de batatas.
Imperdíveis também são os filés à brasileira (com arroz, farofa de ovos, batata frita e banana à milanesa) e à cubana (à milanesa, e acompanhado por batata palha, ovo, cebola francesa, bacon e pela dupla à milanesa, formada por banana e abacaxi).
20 horas: Pra fechar com chave de ouro, se desloque até a tradicional Praça Duque de Caxias, no boêmio bairro Santa Tereza, e vá atrás da esplendorosa almôndega da Mercearia do Nivaldo, cujo nome oficial é Mercadinho Bicalho.
Vendida na unidade, a bola de carne chega acompanhada de um pedaço de batata cozida e por fubá torrado, e ainda é coberta com molho de tomate e queijo derretido. Uma maravilha que acompanha muito bem uma cerveja gelada.
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Endereços dos estabelecimentos citados acima
Comercial Sabiá: Mercado Central (Avenida Augusto de Lima, 744 – Centro / número: R-14 / 156).
Café Palhares: Rua dos Tupinambás, 638 – Centro.
Bar do Zezé: Rua Pinheiro Chagas, 406 – Barreiro.
Bar da Tia Rute: Rua Guarda Custódio, 263 – Ouro Preto.
Bar do Careca: Rua Simão Tamm, 395 – Cachoeirinha.
Feira Hippie: Avenida Afonso Pena – Centro (em frente ao Parque Municipal).
Cantina do Lucas: Edifício Arcângelo Maletta (Avenida Augusto de Lima, 233 – Centro / loja 18).
Mercearia do Nivaldo: Rua Mármore, 556 – Santa Tereza.