
Uma experiência pelo Círculo de Fogo do Pacífico
Por Raphael Ursino
Imagine andar pelas ruas de uma cidade e avistar, o tempo todo, vapores d’água, fendas, lama borbulhante e diversos tipos de gases saindo do solo e das bocas de lobo!? Ah, isso sem falar do forte cheiro de enxofre que toma conta da cidade. Imaginou? Então vem comigo por uma experiência pelo Círculo de Fogo do Pacífico! Nosso destino de hoje é a curiosíssima Rotorua, na ilha norte da Nova Zelândia.

Rotorua é uma cidade limpa, organizada e arborizada
Por estar localizada exatamente no Círculo de Fogo do Pacífico, a cidade possui uma grande atividade geotermal, como geiseres, nascentes de água quente e lagoas de lama borbulhante.

Fumaça saindo do solo em vários pontos da cidade
Começamos a nossa jornada caminhando em volta do lago Rotorua, um dos cartões-postais da cidade e, que na verdade, é um caldeirão vulcânico adormecido. Diversas opções de passeios de barco e helicóptero são oferecidas para quem quer uma aventura um pouco mais radical. Vale dizer que a cidade é bastante organizada, limpa e muito arborizada.

Lago Rotorua
Wai-O-Tapu
Um dos principais pontos turísticos da cidade é o Wai-O-Tapu, o maior parque geotermal da Nova Zelândia, que fica cerca de 30 km do centro de Rotorua. Wai-O-Tapu significa águas sagradas, na língua Maori (nativos da Nova Zelândia).
Lá são encontradas crateras provocadas por erupções, piscinas borbulhantes de lama, até mesmo um lago chamado de The Champagne Pool (piscina de champagne, na tradução livre para o português), formado há cerca de 700 anos devido a uma erupção. Com 65 metros de diâmetro e 62 metros de profundidade, a temperatura da água chega a 100 graus Celsius, o que pode ser sentido quando chegamos bem perto.

Wai-O-Tapu: Águas termais que chegam à temperatura de 100º
Outro lago interessante do parque é o Devil’s Bath, ou como preferir, banheira do diabo. Um fato que eu achei muito curioso é a cor verde da água, por causa da alta concentração de enxofre. Nem preciso falar que o cheiro também é fortíssimo!

Wai-o-Tapo: Lagos com alta concentração de enxofre
Depois de caminhar pela cortina de fumaça que saía das ferventes águas e piscinas de lama, chegamos à principal atração do parque, o Geyser, que todos os dias, às 10h15 da manhã, expele um jato de água quente, entretendo a todos que esperam ansiosamente pelo fenômeno.

Geyser em atividade
Percorremos boa parte da área total do parque, que é de aproximadamente 18 km² e cercada de crateras, piscinas de lama, lagos coloridos e lindas paisagens. Confesso que fiquei surpreso com tanta atividade vulcânica em um só lugar. Vale muito a pena conhecer o Wai-O-Tapu.

Wai-O-Tapo: Lago de lama borbulhante
Monte Tarawera
Já que a Nova Zelândia é um reduto de vulcões, eu não poderia deixar de conhecer um deles. Seguimos então para o adormecido Monte Tarawera, que esteve em atividade pela última vez em 1886.
Saímos cedo e pegamos um micro-ônibus para uma jornada de 24 km do centro de Rotorua e mais 30 minutos de caminhada por uma trilha.

Chegando ao Monte Tarawera
O cansaço da caminhada foi recompensando com a vista espetacular de cima do vulcão. Fiquei um tempo ali curtindo o silêncio, o ar fresco e contemplando aquele visual. De repente, ouço a voz da nossa guia dizendo que para continuarmos a aventura deveríamos atravessar por dentro do vulcão. Naquele momento, olhei lá pra baixo e, em seguida, para as pessoas à minha volta. A cara de espanto era evidente. Sem demonstrar preocupação, olhei novamente para baixo e comecei a descer rumo ao centro do vulcão.

Monte Tarawera
À medida que íamos descendo, meus pés afundavam naquela terra fofa e vermelha. No caminho, não parei de pensar na hipótese de o Monte Tarawera resolver me escolher para presenciar uma nova atividade logo naquele momento, após mais de 130 anos, adormecido.
Entre uma foto e outra, eu procurava elaborar um plano de fuga caso sentisse a terra tremer, pois, na minha cabeça, conseguiríamos sair todos dali (com vida).

Dentro do Vulcão
No fim do percurso eu estava todo vermelho com aquela poeira e com o tênis cheio de terra, por fora e por dentro. Ahhh, minhas meias brancas… nunca mais voltaram à cor normal. Foi uma aventura e tanto conhecer o Vulcão Tarawera.
Terminado o passeio, retornamos ao micro-ônibus e, hiper cansado, caí no sono e só acordei na porta do hostel em que estávamos hospedados.

Micro-ônibus que nos levou ate o vulcão
Conhecer Rotorua foi uma das experiências mais ricas que já tive em todas as minhas viagens. Um lugar fantástico e que encanta pelo seu jeito peculiar de ser.