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O que é turismo comunitário?

9 de abril de 2022

Viajar é uma experiência tão transformadora que quanto mais gente tiver a oportunidade de viver, melhor! Mas você já parou para pensar nos impactos negativos que podem ocorrer com os lugares e povos de regiões que recebem turistas em massa? Descubra o que é turismo comunitário e como ele pode minimizar esses efeitos.

O próprio nome já dá a dica: o turismo comunitário, ou turismo de base comunitária (TBC), possui como principal foco as comunidades que vivem nos lugares onde ele é desenvolvido. Os moradores são os verdadeiros protagonistas dessa experiência. O TBC não é um segmento turístico e sim uma forma de viajar. 

O turismo comunitário ocorre em vilarejos e regiões em que os habitantes levam um modo de vida singular

Uma tendência que vem se consolidando nesta fase da pandemia de Covid-19 é a busca por destinos mais afastados dos grandes centros urbanos e sem muita aglomeração. Essa situação coloca o turismo comunitário na rota de muitos viajantes. Venha descobrir todas as vantagens dessa vivência.

 

Quais os benefícios do turismo comunitário?

O turismo comunitário é capaz de promover diversos benefícios, tanto para as comunidades onde ele é desenvolvido, quanto para os próprios visitantes, que têm a oportunidade de conhecer melhor a cultura e o dia a dia do local.

Por desviar das propostas que costumam ser desenvolvidas no turismo de massa, o TBC atende a uma demanda de viajantes que procuram experiências menos padronizadas e com mais imersão cultural. As visitas ganham mais espaço para a espontaneidade e os visitantes para a criação de laços e conexões genuínas com as pessoas, o ambiente e a natureza.

Visitas personalizadas e contato próximo com a cultura das comunidades são algumas das bases do TBC

Ao mesmo tempo, com essa experiência, o turista também pode contribuir para o desenvolvimento humano e social da região. Isso porque o TBC traz inúmeras vantagens para o lugar onde ele ocorre.

O turismo comunitário envolve a comunidade regional em todas as etapas de sua realização, desde o planejamento, passando pela implementação até o  monitoramento. Por isso, ele respeita os modos de vida dos moradores, e é trabalhado de forma que a renda gerada pela atividade seja investida na região. 

As comunidades locais, em sua maioria, têm grande respeito e cuidado com a natureza e o ambiente em que vivem. Assim, as experiências turísticas de base comunitária são, geralmente, feitas em pequenos grupos, permitindo maior integração e menor impacto negativo durante as visitas. São atividades realizadas de forma sustentável, possibilitando a conservação da biodiversidade.

Os praticantes do turismo comunitário prezam pela integração com a natureza

Por sua ligação com o respeito ao meio ambiente, o TBC também se relaciona bastante com o Turismo Ecológico.

Agora que você já sabe qual a importância do turismo de base comunitária, que tal conhecer os lugares em que você pode ter essa experiência.

 

Onde ocorre o turismo de base comunitária?

As experiências do turismo comunitário são tipicamente realizadas em comunidades tradicionais. Ou seja, de forma simplificada, em grupos que têm uma cultura diferente da predominante na sociedade e se reconhecem dessa forma. Alguns exemplos são as populações caiçaras, ribeirinhas, indígenas e quilombolas.

Em nosso país existe uma grande diversidade de povos que vivem de diferentes maneiras. O potencial para o TBC por aqui é gigantesco. Conheça a seguir três destinos para praticar turismo comunitário no Brasil.

 

São Bartolomeu

Você provavelmente já ouviu falar na famosa cidade histórica de Ouro Preto, que durante o período colonial foi a capital de Minas Gerais e um dos municípios mais movimentados e importantes do país. Mas e São Bartolomeu, você conhece? Esse pequeno vilarejo é um distrito de Ouro Preto e fica a cerca de 18 quilômetros da terra de Aleijadinho. 

O povoado foi fundado por bandeirantes, nos anos finais do século XVII, sendo um dos mais antigos de Minas Gerais. As marcas do ciclo do ouro e da passagem da Coroa Portuguesa estão por toda parte. Os casarões coloniais e a Igreja Matriz de São Bartolomeu são algumas das construções arquitetônicas que remontam essa história e permanecem de pé até hoje.

A Matriz de São Bartolomeu foi uma das primeiras igrejas do Brasil, e conserva sua forma primitiva

Atualmente, a vila é conhecida pela produção de doces artesanais, tradição que possui registro como patrimônio imaterial de Ouro Preto desde 2008. Entre os produtos, o mais famoso é a goiabada cascão. Aliás, a iguaria possui até um festejo em sua homenagem: em abril, acontece a Festa Cultural da Goiaba. O evento promove degustação dos doces, exposições, sorteios, além de oficinas e shows.

Em agosto, é a vez da Festa de São Bartolomeu e do Divino Espírito Santo, também registrada como patrimônio imaterial desde 2014. Em uma tradição herdada dos portugueses, os foliões, paramentados e portando seus instrumentos, percorrem os lugarejos pedindo contribuições e levando música e entretenimento para as ruas. 

Festas anuais deixam a vila ainda mais colorida

Como se não bastasse a riqueza cultural do distrito, São Bartolomeu é também um paraíso ecológico. Às margens do Rio das Velhas, a comunidade se orgulha de ter as águas do curso ainda limpas e cristalinas. O ambiente proporciona 43 cachoeiras, das quais 20 são abertas para visitação. É cercado pelo Parque Estadual do Uaimii, o que possibilita os passeios nas trilhas e quedas d’água ao redor da localidade.

Cachoeiras impressionantes integram o cenário da floresta do Uaimii

Em 2021, a comunidade chegou a concorrer ao título de “Melhor Vila Turística do Mundo”, concedido pela Organização Mundial do Turismo, agência da ONU. Não deu para levar o prêmio, mas a simples participação já foi um marco para o pequeno vilarejo. 

E quando falamos pequeno, não é eufemismo: são cerca de 750 habitantes. De acordo com a Associação Comunitária de Desenvolvimento Social de São Bartolomeu, o distrito conta com apenas 228 leitos distribuídos em 19 lugares para receber hóspedes. Conhecer a vila é certamente uma experiência única e restrita! 

 

Como chegar em São Bartolomeu?

Belo Horizonte fica a cerca de 100 quilômetros de Ouro Preto. O Aeroporto Internacional de Confins, nas redondezas da capital mineira, recebe voos diários de todos os cantos do país. Chegando lá, a melhor alternativa é alugar um carro para seguir a BR-356 pelo caminho de Ouro Preto, até a entrada da Cachoeira do Campo. De lá, são mais 15 quilômetros até a entrada de São Bartolomeu. A estrada é asfaltada e muito tranquila. A viagem até o vilarejo dura em torno de uma 1h40. 

 

Vale do Jequitinhonha

Uma riqueza imensurável brota em uma das regiões economicamente mais pobres do país. O Vale do Jequitinhonha fica no nordeste de Minas Gerais, quase na divisa com a Bahia. Manifestações culturais de todos os tipos, desde o artesanato, passando pela música até a gastronomia são algumas das atrações da localidade, transformando-a em um verdadeiro pólo para a realização do turismo comunitário.

A cidade de Jequitinhonha é um dos centros urbanos do Vale

A produção da cerâmica é uma das artes mais características desenvolvidas na região. Durante uma visita ao vale, é possível aprender sobre o processo de confecção e conhecer os mais belos trabalhos dos artesãos e artesãs. Destacam-se as clássicas bonecas de barro, muito produzidas por lá.

Em clássicas cores terrosas, o artesanato em cerâmica da região é exportado para todo o Brasil

Não podemos nos esquecer da força das celebrações regionais. A Festa do Rosário de Chapada do Norte é patrimônio cultural do Estado de Minas Gerais. Realizada tradicionalmente em novembro, a festividade secular faz parte das tradições do congado, uma expressão cultural que envolve música, dança, teatro e as espiritualidades cristãs e de matriz africana.

A área, banhada pelo rio Jequitinhonha, é lar de mais de 950 mil brasileiros. O Vale é dividido em três microrregiões. O Baixo Jequitinhonha compreende a microrregião de Almenara, a mais próxima do estado da Bahia e o Médio abrange as regiões de Pedra Azul e Araçuaí. Mais próximo da região metropolitana de Belo Horizonte fica o Alto Jequitinhonha, reunindo as microrregiões de Diamantina e Capelinha. Juntas, elas representam 14% do território mineiro.

Atrativos naturais também são abundantes no Vale. Em São Gonçalo do Rio Preto, município do Alto Jequitinhonha, é possível visitar o Parque Estadual do Rio Preto. O local dispõe de cachoeiras, desenhos rupestres e matas típicas da Serra do Espinhaço, como sempre-vivas, bromélias, canelas-de-ema e orquídeas. 

Que tal dar um mergulho em uma das cachoeiras do Parque do Rio Preto

A zona rural de Almenara, no Baixo Jequitinhonha, também é belíssima. Apresenta diferentes paisagens do sertão mineiro, além de ruínas de antigas fazendas coloniais.

 

Como chegar no Vale do Jequitinhonha?

Os municípios que pertencem ao Circuito Turístico Vale do Jequitinhonha não possuem aeroportos que recebam voos comerciais. Para utilizar o transporte aéreo, o ideal é fazer o trajeto até o aeroporto de Vitória da Conquista, na Bahia, e de lá seguir o percurso de carro, pela BR 116, em direção a Minas Gerais. Depois da divisa, é necessário pegar a BR 251 por um breve trecho até Pedra Azul. No total, a viagem leva cerca de 3h.

Se estiver indo de Belo Horizonte, o Terminal Rodoviário e a Estação José Cândido da Silveira têm saídas diárias com destino às cidades que pertencem ao Circuito Turístico Vale do Jequitinhonha. Os horários de saída dos ônibus e os valores das passagens devem ser confirmados com as empresas que operam o circuito.

 

Alter do Chão

Existem razões de sobra para conhecer Alter do Chão, no Pará. A região é conhecida como o “Caribe Amazônico”. Foi considerada pelo jornal inglês The Guardian o lugar mais bonito do mundo com praias de água doce. Em 2019, uma pesquisa promovida pelo jornal Estado de São Paulo elegeu a vila como um dos dez melhores destinos turísticos do mundo para visitar. 

A Ilha do Amor é apenas uma das belas praias de água doce que você encontra em Alter do Chão

A 700 quilômetros de Belém, capital do estado, o vilarejo é um distrito de Santarém, e possui cerca de 6 mil habitantes. A maioria dos moradores conserva e vive a cultura ribeirinha, já que o lugarejo é banhado pelas águas mornas e calmas do Rio Tapajós. A população ainda guarda claras influências dos povos tradicionais da floresta, que vivem em harmonia com a natureza amazônica que cerca a pequena vila.

Por isso, Alter do Chão é um destino ideal para quem deseja imergir na cultura dos moradores e conhecer os modos de vida do local. Um passeio imperdível para quem deseja praticar o TBC é pelo Rio Arapiuns, um dos principais afluentes do Tapajós. Lá é possível conhecer diversas comunidades ribeirinhas, que trabalham com turismo comunitário e o artesanato tradicional da região feito com palha de tucumã.  

Dentre os principais festejos do distrito, está a Festa do Sairé. Com muitas fantasias, roupas típicas, cores e coreografias, o festival tem origens folclóricas. Os foliões encenam a disputa de dois botos, o Tucuxi e o Cor-de-rosa, em uma trama que gira em torno da sedução, morte e ressurreição desses personagens. A celebração ocorre tradicionalmente em setembro e dura cerca de cinco dias.

Personagens do folclore invadem a vila durante o Festival do Sairé

Outra manifestação típica do Pará é o Carimbó. O ritmo dançante está muito presente na cultura dos moradores de Alter do Chão. O Espaço Gastronômico do distrito costuma receber, às sextas-feiras, apresentações de música e dança com os grandes hits do gênero.

Quanto às belezas naturais, é difícil descrever a magnitude das paisagens que você encontrará na vila. As praias são um dos principais atrativos da região. Suas areias finas e branquinhas contrastam com as águas escuras e calmas do rio. O curso fluvial forma orlas com desenhos impressionantes, que ficam ainda mais belos durante o pôr do sol. Para aproveitá-las, o ideal é visitar a vila na estação seca, que ocorre de julho a dezembro, quando a maré baixa e as ilhas emergem.

Mas a grandiosidade dos cenários criados pela selva amazônica não fica para trás nessa disputa. A Floresta Nacional do Tapajós reúne mais de 500 mil hectares de fauna e flora preservadas. Entre igapós, vegetações inundadas e árvores centenárias, o passeio para conhecer um pedacinho da maior floresta tropical do mundo é essencial nesta visita.

A floresta do Tapajós é uma unidade de conservação federal brasileira que reúne diversos tipos de paisagens naturais

 

Como chegar em Alter do Chão?

A vila de Alter do Chão fica a apenas 34 quilômetros do Aeroporto de Santarém, que recebe voos diários de Belém, Manaus e Brasília. Se estiver em outras cidades, basta uma conexão para chegar até o município. De lá, é possível alugar um carro, pedir um táxi ou transfer particular, ou mesmo pegar um ônibus comum (que opera apenas durante o dia) até o distrito.

Para quem deseja viver uma experiência ainda mais completa, também é possível chegar em Alter do Chão de barco. Saindo de Manaus, a viagem dura cerca de dois dias. E saindo de Belém são três. O trajeto tem custos a partir de R$ 150, variando de acordo com a rota e o tipo de acomodação escolhida.

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