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Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas

7 de fevereiro de 2023

O Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas, comemorado em 7 de fevereiro, é uma data para evocar as raízes dos povos originários do Brasil e lembrar da luta histórica deste grupo pela garantia dos seus direitos, voz e espaço. 

E, para este dia especial, nada melhor do que conhecer mais sobre a cultura dos diversos povos indígenas pelo Brasil, não é? Existem reservas abertas para a visitação responsável, que oferecem vivências inesquecíveis aos turistas. O Conexão123 selecionou quatro delas, em diferentes estados: São Paulo, Bahia, Paraná e Acre. 

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Origem e importância do Dia Nacional dos Povos Indígenas

O Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas foi instituído pela lei nº 11.696 de 2008, sendo uma conquista dos movimentos sociais e de direitos humanos de grupos minoritários. 

A data recorda o falecimento do líder indígena Sepé Tiaraju em 1756 (durante o período colonial no século XVIII), que se tornou símbolo de resistência por integrar uma das muitas revoltas contra as definições do Tratado de Madri, que tinha o objetivo de dividir o território brasileiro entre os portugueses e os espanhóis.

O dia 7 de fevereiro refere-se também à conscientização e importância de debates associados às pautas dos grupos indígenas, como direito à terras e contra a destruição da natureza, além de questões ligadas à saúde e educação nas aldeias e do reconhecimento dos saberes tradicionais.  

Foi graças a esses movimentos que a situação dos povos indígenas no Brasil hoje evoluiu para ter cinco indígenas como deputados federais — desses cinco, quatro são mulheres: Célia Xakriabá (PSOL-MG); Juliana Cardoso (PT-SP); Silvia Waiãpi (PL-AP); Sônia Guajajara (PSOL-SP); além de Paulo José Guedes (PT-MG). Os representantes 

lutam pelas bandeiras de seus povos, que são, principalmente:

  • Demarcação de terras indígenas
  • Contra o avanço irrestrito do agronegócio e das minerações
  • Contra a tentativa de flexibilizar o licenciamento ambiental
  • Contra o financiamento do armamento no campo
  • Contra o desmonte das políticas indigenista e ambiental
  • Pelo respeito às suas tradições, culturas e corpos-territórios
  • Pelo direito de existir e de viver
Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas | Célia Xakriabá - Primeira Deputada Federal indígena eleita por MG no Plenário | Conexão123

Célia Xakriabá – Primeira Deputada Federal indígena eleita por MG

Turismo em terras Indígenas no Brasil

O turismo em terras indígenas é importante para a inclusão social, pois diminui as desigualdades, estimula a conservação dos ativos culturais e naturais, valorizando seus territórios, costumes e rituais. Além de gerar renda, movimentando cinquenta e dois segmentos, sendo uma importante fonte para potencializar a sustentabilidade e conciliar o desenvolvimento com a preservação.

Existem no Brasil 724 terras indígenas, mais de 300 povos indígenas e 200 línguas diferentes. 

Justamente por essa riqueza patrimonial, o turismo em reservas e aldeias se alia a outras pautas importantes, promovendo, junto aos povos indígenas do Brasil, a gestão sustentável de suas terras, considerando sua autonomia sociocultural e a legislação vigente. Essas pautas são sustentabilidade, turismo étnico, ecoturismo e turismo comunitário

O turismo responsável foi uma alternativa adotada para atender a defesa e o desenvolvimento de assuntos como ética, responsabilidade social, respeito às diferenças de gênero, geração e raça, respeito ao meio ambiente e valorização das culturas locais.

Cada reserva indígena monta o seu plano de visitação, estabelecendo quais são seus objetivos e quais atividades turísticas serão feitas.

Confira quatro reservas abertas ao turismo que o Conexão123 separou para você conhecer e aprender mais sobre as nossas raízes.

Tenondé Porã – São Bernardo do Campo (SP)

A Terra Indígena Tenondé Porã abriga a maior população Guarani Mbyá no Brasil, com cerca de 1.500 pessoas. É dividida em oito aldeias que estão situadas no extremo sul do município de São Paulo, abrangendo partes dos municípios Mongaguá, São Bernardo do Campo e São Vicente. 

Em São Bernardo do Campo, ficam as aldeias Guyrapaju e Kuaray Rexakã, na região pós-balsa, no bairro Curucutu. 

Próximo à represa Billings está a Guyrapaju, com cerca de oitenta habitantes. A aldeia trabalha com a gestão ambiental da área e várias opções de manuseio ecológico de resíduos.

No momento a aldeia não possui estruturas de apoio para visitantes, como grandes refeitórios, dormitórios coletivos, banheiros convencionais e área para estacionamento. A infraestrutura atual é de camping com banheiro seco. Mas os turistas podem participar de jogos e brincadeiras guaranis, ter a vivência na aldeia, fazer trilhas na reserva, apreciar a gastronomia tradicional, além de conferir a exposição e o comércio de artesanato. 

Também perto da represa está a aldeia Kuaray Rexakã, habitada por aproximadamente vinte pessoas. A comunidade executa ocasionalmente mutirões para a construção de áreas coletivas e está aberta para a participação de parceiros não indígenas, porém as iniciativas e convites partem, em geral, das lideranças da comunidade. 

Por ser uma aldeia nova, que ainda está se estruturando, suas atividades de visitação, por ora, compreendem apenas um roteiro básico de um dia na reserva. 

A Terra Indigena Tenondé Porã é aberta para visitação. Para conhecer os costumes guaranis, é necessário fazer o agendamento no site da terra indígena, escolhendo qual aldeia quer visitar e que tipo de experiência deseja ter. 

Aldeia Urbana Kakané Porã – Campo de Santana (PR)

Os povos indígenas paranaenses estão presentes há cerca de sete mil anos no estado, mas a primeira aldeia indígena urbana do sul do Brasil é recente, com apenas catorze anos de criação. A movimentação das aldeias para a área urbana foi causada por vários motivos, entre eles a busca pela educação, conforto e emprego fixo.

Localizada em Curitiba, no bairro Campo de Santana, a aldeia é um conjunto habitacional que acolhe os três grupos indígenas remanescentes no estado do Paraná, as etnias: guarani, kaingang e xetá. 

Kakané Porã abriga pouco mais de 100 indígenas, sendo cerca de 35 famílias. Há uma casa de aproximadamente 43 m² para cada núcleo familiar. Elas ficam organizadas em círculo e  as famílias arcam financeiramente apenas com os custos de energia elétrica e água.

Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas | Placa da Aldeia Urbana Kakané Porã em Curitiba | Conexão123

Kakané Porã é um conjunto habitacional urbano que acolhe indígenas Guarani, Kaingang e Xetá

A aldeia também conta com um bosque, um campo de futebol e uma área para reuniões, cultos e aulas. O espaço foi entregue aos indígenas em 2008, mas a luta do povo até essa conquista começou em 2004, quando algumas famílias que viviam dispersas por Curitiba reivindicaram uma moradia digna.

Hoje em dia, grande parte dos homens da aldeia trabalha com construção civil, e as mulheres trabalham no comércio, especificamente com artesanatos. Embora estejam adaptados ao cenário urbano, se empenham para manter sua cultura tradicional viva. 

As portas de Kakané Porã estão abertas para visitação, o turista vai aprender sobre a cultura e costumes do povo, além de poder movimentar o comércio artesanal indígena. 

Reserva Pataxó da Jaqueira – Porto Seguro (BA)

A Reserva Indígena Pataxó da Jaqueira, em Porto Seguro, é um lugar sagrado onde trinta e quatro famílias vivem rodeadas por 827 hectares de Mata Atlântica preservada, preservando alguns costumes milenares.

O povo Pataxó também foi expulso de suas terras na época da colonização portuguesa, por volta de 1800, e precisou mudar seus hábitos e ficar em regiões beira-mar.

Em 1943 o governo de Porto Seguro criou o Parque Monumento Nacional do Monte Pascoal, que ficava em território indígena, expulsando assim os moradores locais. Oito anos depois, em 1951, houve um grande massacre aos povos indígenas por policiais militares do estado, conhecido como “Fogo de 51”, no qual muitos representantes dos Pataxó foram espancados e submetidos à escravidão. 

Após muita luta por espaço e moradia digna, as famílias conseguiram se estabelecer na Aldeia da Jaqueira. Lá, vivem em harmonia com a natureza, buscando preservar suas tradições. A reserva também conta com uma escola, um museu e um centro de artesanato. 

Os visitantes podem realizar diversas atividades com os Pataxó. Desde cerimônias de canto e dança a refeições especiais, preparadas segundo as tradições indígenas, experiências muito ricas são ofertadas. São cinco roteiros diferentes, alguns levam poucas horas e outros podem chegar a sete dias! Veja: 

  • Voltas às origens: um roteiro de 3h por R$ 85,00
  • Aragwaksã: um roteiro de 6h por R$ 150,00
  • Dia de Índio: roteiro de 7h por R$ 160,00
  • Dia de Índio com pernoite: roteiro de 24h por R$ 270,00
  • Kãdemãvey (Cerimônia de Casamento): roteiro de 1 a 7 dias e o preço precisa ser consultado
Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas | Reserva Pataxó da Jaqueira em Porto Seguro | Conexão123

Reserva Pataxó da Jaqueira em Porto Seguro

Aldeia Nova Esperança – Tarauacá (AC)

Na aldeia Nova Esperança, na floresta amazônica acreana, estão os indígenas Yawanawá. Eles viveram ali até os religiosos americanos começarem a demonizar seus ritos e idioma. Conseguiram voltar há dois anos, em um contínuo resgate de suas práticas e sabedoria ancestral.

Os Yawanawá oferecem vivências aos viajantes que desejam conhecer a aldeia Nova Esperança. Durante o tempo que passarem no local, os turistas podem receber as pinturas típicas pelo corpo, feitas com urucum ou jenipapo. São convidados também a experimentar suas práticas medicinais, como banhos de ervas, de argila e técnicas de assopro. 

Podem ficar à vontade para assistir ou participar das cerimônias com ayahuasca, as quais são sempre com muita dança e música, exaltando a ancestralidade e a conexão desse povo com a terra. 

Inicialmente, esses rituais não incluíam instrumentos musicais, mas, há algum tempo, em razão da troca com a cultura não indígena, muitas canções são embaladas com violão e outros apetrechos musicais — a aldeia até está no Spotify, como “Coletivo Aldeia Nova Esperança”.

O DJ Alok passou alguns dias com a tribo Yawanawá para produzir um álbum baseado em sua cultura musical.

A tribo tem instalações para hóspedes, um alojamento em construção e pontos com sinal de internet Wi-Fi e hoje recebe grupos de visitantes que têm interesse em conhecer a cultura local e entender como o ser humano pode viver em afinidade com a floresta.

Para aderir ao retiro Yawanawá, no perfil oficial da tribo no instagram tem um formulário de pré-inscrição para as datas disponíveis em 2023.

O valor do pacote para Brasileiros é de R$ 8.500 e para estrangeiros é R$ 9.500 por pessoa e está incluso os custos a partir da chegada em Cruzeiro do Sul. São sete dias e seis noites na aldeia, as pernoites são em redes nos alojamentos coletivos.

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