Guia turístico

Paraty: passeios por mar, serra e Mata Atlântica

2 de fevereiro de 2022

Por si só, as estreitas ruas de pedra e o casario colonial criam o cenário perfeito de um destino turístico apaixonante. Agora, pense nessa charmosa arquitetura dividindo espaço com palmeiras e mar. Essa é Paraty: passeios por mar, serra e Mata Atlântica, a encantadora cidade histórica localizada no sul do Rio de Janeiro. 

Esse paraíso está localizado na região conhecida como Costa Verde – nome que traduz perfeitamente a cor da água do mar. Fica entre as capitais do Rio de Janeiro (a 369 km de distância) e de São Paulo (a 299 km).  Para quem procura praias maravilhosas por perto, apenas 25 km separam Paraty de Trindade. Outros 96 km de estrada permitem chegar a Angra dos Reis. 

A cidade fluminense tem um litoral único no Brasil. É cercada pela natureza exuberante da Serra do Mar, com praias isoladas e cachoeiras pouco conhecidas. O balneário é formado por, pelo menos, 70 ilhas e 100 praias. Na vila, a paisagem é marcada pelo colorido dos barquinhos de pescadores ancorados na margem do Rio Perequê-Açu ou no cais.  

Casarões e igrejas contrastam com a Mata Atlântica e o mar em Paraty

O centro histórico preservado é o cartão-postal de Paraty. São 31 quarteirões com lojas, ateliês de arte, belas pousadas e bons restaurantes.  Os carros apenas podem circular pelas ruas que fazem limite com a área central, como Patitiba, Domingos Gonçalves de Abreu, Aurora e Rua Fresca. 

 

Conheça Paraty

Fundada no século XVII, Paraty nasceu no entorno da Igreja Nossa Senhora dos Remédios, sua padroeira. Naquela época, a então Vila de São Roque era um importante porto de escoamento de ouro das Minas Gerais para Portugal. 

No entanto, com a criação de rotas alternativas, a partir da construção da Estrada Real o vilarejo ficou isolado. As pedras preciosas passaram a desembocar diretamente no Rio de Janeiro. Com o fim da escravidão e do Ciclo do Ouro, Paraty entrou em declínio econômico. A decadência fez Paraty parar no tempo. 

Na década de 1970, com a abertura da rodovia Rio-Santos, Paraty voltou à cena e não parou mais. Agora, a manutenção das riquezas do lugar depende da preservação dos seus patrimônios naturais e culturais.  Em 2019, a Unesco reconheceu Paraty como patrimônio histórico da humanidade. 

É um destino imperdível de férias ou para uma viagem rápida de final de semana ou feriado. 

Paraty é um município pitoresco de 35 mil habitantes, traçado por ruelas e construções que preservam as características do século XVII

 

Quando ir a Paraty

Paraty é uma cidade bem agitada culturalmente. Uma ótima data para visitá-la é durante a Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), realizada em julho. A atmosfera fica ainda mais colorida e interessante, pois não é apenas a literatura que domina a cidade, mas também a música e diversas outras expressões artísticas. Tudo com aquela mistura boa de frequentadores da FLIP, turistas e moradores locais.

Grandes tendas são montadas para comportar o público durante os debates de escritores consagrados e iniciantes. Além de shows com nomes como Gilberto Gil e Gal Costa. A programação inclui eventos paralelos para crianças e jovens, conhecidos como Flipinha e Flipzona. Lembre-se de reservar sua hospedagem com antecedência. 

A Tenda dos Autores abriga a programação principal da Flip, evento literário que lança Paraty à altíssima temporada

Outro excelente evento que movimenta a cidade fluminense é o Bourbon Festival Paraty em maio – um dos mais charmosos circuitos de shows de jazz e blues do Brasil. Esse também é um destino famoso para quem curte uma branquinha. Desde a década de 1980, as atenções ficam direcionadas para o Festival da Cachaça no mês de agosto. 

É quando os restaurantes oferecem deliciosos drinks e pratos à base de cachaça. Os alambiques também ficam abertos à visitação.  Dá para ver como ocorre o plantio da cana-de-açúcar e o processo de produção da bebida. Prepare-se para degustar e levar bons rótulos para casa. Destaque para os alambiques Coqueiro, Paratiana e Pedra Branca.

As celebrações tradicionais dos feriados religiosos, como a Páscoa e o Corpus Christi, também são protagonistas no calendário de Paraty. E, claro, o verão turbina o destino (mesmo na chuva). O Réveillon, o Festival de Verão e o Carnaval também enchem a cidade.  

Acompanhe a programação completa do município para programar a sua viagem. Em razão da pandemia da Covid-19, alguns eventos podem ser realizados apenas virtualmente. 

Escolher a melhor época para ir a Paraty não é das tarefas mais simples. Em relação ao clima, a época das chuvas vai de dezembro a abril. A estação seca é de junho a setembro. A cidade enfrenta bastante chuva no verão. Os melhores meses para visitar Paraty são maio, setembro e outubro. 

 

Centro Histórico 

Comece a visita caminhando nas ruas estreitas do Centro Histórico, com calçamento de pedra do tipo pé-de-moleque. Esse passeio permite voltar ao passado.  Por estar próximo ao mar, as vias podem ser invadidas pela água salgada na época de maré cheia. 

O centro sedia o principal palco da Flip, evento de referência na literatura. É, também, de onde partem escunas e lanchas em direção às praias mais distantes e ilhas da região. De lá é possível ver o Forte Defensor Perpétuo, erguido em 1703 para proteger a cidade das invasões de piratas e de outros impérios. 

A fachada do Sobrado dos Abacaxis é decorada com esculturas da fruta, desenho influenciado por formas orientais e símbolos maçônicos

Quem quer observar a arquitetura colonial deve visitar o Sobrado dos Bonecos, localizado na rua do Comércio; a Casa da Cultura, que fica entre as ruas Samuel Costa e Dona Geralda; o Sobrado dos Abacaxis, na rua Doutor Pereira (a mesma da Igreja de Santa Rita) e o Sobrado do Príncipe, na rua Fresca, que pertenceu à Família Real.

 

Igrejas

Paraty carrega uma forte influência religiosa.  Existem quatro igrejas do período colonial na cidade fluminense. Um grupo de mulheres que desafiaram os costumes da época foi responsável pela construção da Igreja de Nossa Senhora das Dores (a mais antiga da cidade) e da Igreja da Matriz (a maior delas).

A Igreja da Santa Rita foi feita para a aristocracia. Enquanto a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito foi construída para os escravos.

A Igreja da Matriz foi erguida após doação de terreno e dinheiro feita por uma mulher generosa, dona Geralda. Uma das principais ruas do centro tem o nome dela. No leito de morte, ela também doou 17 casas para famílias de escravos

 

Artesanato em Paraty

Que tal comprar pingentes feitos de moedas estrangeiras antigas e artesanatos tribais? Durante a caminhada no centro, visite o ateliê da Marisa Bidone, onde a própria dona produz joias e bijuterias. A faixa de preço varia de R$ 60 a R$ 380. 

Vá ao Armazém Paraty, que vende artesanato indígena, na rua Samuel Costa, 18. Folhas de banana e raízes viram peças com traços geométricos à venda no Studio Bananal. No Atelier do Dalcir, compre cerâmicas decorativas. 

O Atelier da Terra é uma loja só de barcos. Oferece vários tipos de embarcações feitas pela comunidade do Saco do Mamanguá. Há opções em forma de ímãs, em miniatura e para pendurar na parede. Preços a partir de R$ 10. 

O Atelier do Alcir vende esculturas de médio e grande porte de cerâmica, desenvolvidas com técnica indígena de produção em argila

 

Ecoturismo

Paraty também é famosa pelas belezas naturais da Mata Atlântica, pertencente ao Parque Nacional da Serra da Bocaina. O encontro da vegetação nativa exuberante com o azul cristalino do mar cria belos santuários. É possível visitar cachoeiras de águas transparentes, fazer passeios náuticos e praticar mergulho. 

Dá para caminhar por trilhas ecológicas e desbravar a região por meio de passeios off road. O tour de jeep 4 x 4 para cachoeiras e alambiques  dura 6h e custa, em média, R$ 120 por pessoa. 

A Cachoeira da Pedra Branca é uma das mais visitadas em Paraty

A aventura passa por cachaçarias como o Alambique Pedra Branca. A propriedade rural conta com áreas de plantio de cana-de-açúcar e de produção da bebida.  Experimente os rótulos de cachaça pura.  Deguste também os licores elaborados com a aguardente.  Um clássico de Paraty é o licor de Gabriela – em referência à versão cinematográfica da obra de Jorge Amado, filmada na cidade. A bebida leva cravo e canela. 

Vale a pena incluir no roteiro a Fazenda Bananal, construída no século XVII na Estrada da Pedra Branca. O casarão foi restaurado e virou um projeto de educação ambiental sustentável, dentro de uma área de 1,8 km². Por lá, acontecem várias atividades, entre elas uma caminhada para observar aves. No percurso, deguste PANCs, as plantas alimentícias não convencionais. Ingressos a partir de R$ 50. 

 

Praias e ilhas 

Há, pelo menos, 70 ilhas e 100 praias em Paraty. Para acessar as melhores delas, vale pegar carro, escuna ou lancha. Sem dúvida, outra grande atração do destino são os passeios de barco. 

Trindade, distrito a pouco mais de 20 km do centro de Paraty, é o mais buscado por quem escolhe ir por terra (também há opções por mar). Lá estão praias quase desertas como a de Cachadaço e sua piscina natural formada por pedras vulcânicas.  Além de Antigos e Antiguinhos, que são duas enseadas separadas por pedras. O acesso a pé é feito a partir da Praia do Sono, após 30 minutos de caminhada. 

Vale visitar as belas praias de Trindade, como do Rancho, Brava, Cepilho, Meio e Figueiras

Para quem quer explorar apenas Paraty, dá para mergulhar nas duas praias que ficam no centro histórico: as do Jabaquara e do Pontal. Com águas calmas e transparentes, elas são boas para famílias com crianças.  

As praias localizadas em direção a Angra dos Reis são muito procuradas por turistas. Tome banho de mar na Praia Grande, Prainha e Praia de São Gonçalo.  

A Lagoa Azul é parada para banho de quem faz passeio de barco na rota para a Praia Vermelha, a Praia da Lula e a Ilha Comprida

 

Passeios de escuna e de lancha 

Conheça a Costa Verde de escuna ou de lancha privativa. O passeio oferece paradas para banho e snorkeling entre praias e ilhas. Há saídas regulares para o litoral sul e para o norte. 

Os mais baratos são os de escuna, feitos em grupos de até 100 pessoas. Duram cerca de 5h e param para mergulho. A faixa de preço varia de R$ 60 e R$ 120, dependendo do trajeto e se tem almoço incluído. Também é possível alugar uma lancha para até 10 passageiros. Custa a partir de R$ 130 por pessoa. 

Passeios de barco são a melhor forma de aproveitar a Costa Verde

 

Como chegar em Paraty 

Não existem voos diretos para Paraty. Os dois aeroportos mais próximos de Paraty estão em São Paulo e no Rio de Janeiro. A capital paulista está aproximadamente a 300 km do destino. Já o Rio está a 250 km. De qualquer um deles, uma boa opção é alugar carro. 

A partir do Rio de Janeiro, siga pela Rio-Santos (BR-101), passando por Angra dos Reis, até o trevo de acesso da cidade. Há três pedágios até Paraty

Para quem sai de São Paulo, opte por pegar a Rodovia Ayrton Senna-Carvalho Pinto (SP-070). Na entrada de São José dos Campos, continue pela Rodovia dos Tamoios (SP-099), prossiga pela Rio-Santos (SP-055) e depois na BR-101 no sentido Ubatuba até Paraty. 

Já está de malas prontas para conhecer essa bela cidade histórica banhada pelo mar no sul do Rio de Janeiro? Faça sol ou chuva, as atrações naturais e eventos turbinam o destino litorâneo. Para conhecer com detalhes cada um dos pontos turísticos que você precisa incluir no seu roteiro, leia também o que fazer em Paraty.